"Carta Um" - Leitura
de 19/12/2010 Laurence Freeman, WEB OF SILENCE (London: Darton, Longman, Todd, 1996),pgs.14 a 17. Tradução de Roldano Giuntoli |
De uma maneira natural o Novo Testamento associa a paz e a alegria com as expressões de uma vida centrada no Cristo. Essas palavras, amiúde representaram um mero jargão cristão. Falamos de paz, amor e alegria e, dos frutos do espírito, porque são aspectos que juntos deveriam caracterizar nossa vida, mas, raramente o fazem. Nem podem, a menos que a jornada para o centro tenha passado do exterior para o interior. A meditação é um caminho de paz porque nos empurra para a frente, ou nos aprofunda, na direção daquele centro interior do coração, onde se dissolvem todas as ilusões, a falsidade e o auto-engano que nos impedem a paz. É porque tão frequentemente racionalizamos nossos desejos e preconceitos, que necessitamos de um caminho como o da meditação, que nos leva a uma percepção mais profunda do que a da razão.[...] Jamais encontraremos a paz, em meio a nossos problemas e preocupações, raciocinando-os. O pensamento é um labirinto falso, que sempre nos leva de volta ao mesmo ponto inicial de confusão. A prece é o labirinto verdadeiro que nos leva a níveis mais profundos do que o pensamento, e nos conduz à paz que “ultrapassa toda compreensão”. Nossa maior dificuldade é a de abandonarmos as nossas ansiedades, o que nos mostra a resiliência do ego, que é negativa. No entanto, isso é tão simples. Só precisamos compreender a verdadeira natureza da meditação: não se trata de estarmos tentando pensar em nada, mas de não pensar.[...] No centro de muitos dos labirintos da antiguidade, encontrava-se um monstro, algo amedrontador e uma ameaça à vida. Os labirintos cristãos posicionavam Cristo no centro de todas as voltas e reviravoltas da vida. Não é medo que encontramos no Cristo, mas a dissolução do medo, na primitiva e final certeza do amor. A meditação é a obra do amor, e é pelo amor, e não pelo pensamento, que afinal conhecemos a Deus: o conhecimento que salva é o conhecimento do amor. É por isso que John Main descreve a nossa experiência humana do amor como sendo a a melhor maneira de compreender porque meditamos e, como é que a meditação nos conduz à realidade. Do mesmo modo como acontece em todo relacionamento, atravessamos estágios. A cada estágio de crescimento, haverá sempre uma crise, um outro salto de fé. Todos passamos por ciclos: de entusiasmo, de luta disciplinada, de aridez, de iluminação temporária. Todavia, na qualidade de companheiros de peregrinação, lembramos uns aos outros, no interior do labirinto, de que o centro é nosso verdadeiro lar, ali onde somos apenas nós mesmos. E, lembramos que não haveria lampejos de alegria, não haveria despertar temporário, caso a alegria não fosse a natureza da realidade e, caso Cristo não houvesse despertado para isso de uma vez por todas e, no amor por nós todos. |
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