O grande caminho da libertação

Um excerto de John Main OSB, “Compromisso com a Simplicidade”, MOMENTO DE CRISTO (Nova York: Continuum, 1998), pp. 26-27.

Através da meditação, aprendemos a ser. Não a desempenhar um papel específico ou a ser algo específico, mas simplesmente a ser… num estado de absoluta simplicidade. Não tentamos representar. Não tentamos nos desculpar por sermos quem somos ou como somos. Simplesmente vivemos a partir das profundezas do nosso próprio ser, seguros e afirmados no nosso próprio enraizamento com a realidade. Isso é algo desconhecido para a maioria de nós, porque somos condicionados a pensar que encontramos a verdade apenas em meio à complexidade. No entanto, todos sabemos, num nível mais profundo, que a verdade só pode ser encontrada na mais absoluta simplicidade, na abertura.

A meditação é uma forma de romper com o mundo da ilusão e alcançar a luz pura da realidade. A grande ilusão em que a maioria de nós está presa é a de que somos o centro do mundo e que tudo e todos giram ao nosso redor. Mas na meditação aprendemos que isso não é verdade. […] A meditação é o grande caminho da libertação. Libertamo-nos do passado e nos abrimos para  nossa vida no momento presente. Aprendemos que existimos porque Deus existe, [e que] simplesmente existir é o nosso maior dom.

 

Após a meditação: “Íris Azul”, de Mary Oliver em DEVOTIONS (Nova Iorque: Penguin, 2017), p. 215.

 

ÍRIS AZUL

Agora que estou livre para ser eu mesma, quem sou eu?
Não posso voar, não posso correr, e veja como ando devagar.
Bem, penso eu, posso ler livros.

“O que é isso que você está fazendo?”
grita a mosca de cabeça verde ao passar zunindo.

Fecho o livro.

Bem, posso escrever palavras, como estas, suavemente.

“O que é isso que você está fazendo?” sussurra o vento,
detendo-se
num monte logo fora da janela.

Dê-me um pouco de tempo, respondo ao seu rosto prateado
que me fita.
Isso não acontece de repente, sabe.

“Não acontece?” diz o vento, e se rompe, liberando
a destilação da íris azul.

E meu coração entra em pânico por não ser, como desejo ser,
o receptáculo vazio, à espera, puro, sem palavras.

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