Quaresma e as três práticas transformadoras

Por Carlos Siqueira, oblato da Comunidade Mundial para Meditação Cristã

Recebi meu treinamento em meditação com o monge beneditino Dom Laurence Freeman, OSB. Com ele, aprofundei minha espiritualidade e compartilho o que aprendi sobre a Quaresma.

Na tradição Cristã, estamos iniciando num período chamado “Quaresma”, que significa um tempo de preparação e prática espiritual. Tradicionalmente, há três dimensões da prática espiritual, que tornam-se fontes de paz e alegria, conforme tentamos ser fiéis a elas.

JEJUM: significa moderar ou renunciar alguma coisa. Só você sabe o que deveria ser – um hábito prejudicial ou danoso à saúde, seja do corpo ou espírito. Qualquer coisa que banalize ou nos faça perder tempo. Qualquer coisa que nos controle ou nos dê uma falsa sensação de conforto.

ORAÇÃO: esse é um bom momento para iniciar ou fortalecer a sua prática de meditação, que os primeiros Cristãos chamavam de “oração pura”. Fortalecer essa boa prática espalha benefícios em todo o nosso universo pessoal, tanto interno quanto externo.

CARIDADE: significa doar algo. Anonimamente. Como ensinou Jesus: “Quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita” (Mateus 6, 3). Ou seja, doar sem esperar reconhecimento ou recompensa. Pode ser dinheiro, tempo ou pequenos atos de bondade e gentileza, como um sorriso, ouvir o outro sem julgamento, dar um abraço desejando paz e alegria.

Experimente cultivar essas práticas todos os dias, mas sem a ganância de ser perfeito. Apenas com a intenção de sermos verdadeiros a nós mesmos, a nossa interioridade mais profunda e dimensão transcendente.

Dessa maneira, a Quaresma será uma oportunidade maravilhosa para nos elevar como seres humanos, despertar virtudes e valores fundamentais que precisamos recuperar para ter uma vida equilibrada e isso irá nos preparar para vermos mais.

“Entenda o que está à sua frente e o que está oculto lhe será revelado.” (Evangelho de Tomé).

Foto de Thays Orrico na Unsplash