Autoconhecimento como primeiro passo em direção ao Divino

Por Kim Nataraj

A importância de ter um guia espiritual ao se aventurar no silêncio não pode ser superestimada.

A importância de ter um guia espiritual ao se aventurar no silêncio não pode ser superestimada. Na tradição cristã, Jesus é a nossa âncora e também nossa porta para o reino espiritual. Na consciência cósmica mais ampla, sua energia e consciência ainda estão lá para nos conectarmos. Esse é o verdadeiro significado de ‘Eu estarei sempre lá’.  A segunda vinda, é vista por muitos místicos não como um evento histórico futuro, mas como um acontecimento pessoal interior, que pode acontecer a qualquer momento.  Mestre Eckhart, tal como Santo Agostinho antes dele, via isto como “o nascimento de Cristo na alma”

Ver Jesus desta forma espiritual, é para muitos em nosso tempo difícil por causa de nossos condicionamentos religiosos negativos, mas como Laurence Freeman diz em ‘Jesus, the Teac her Within’: “Ignorar Jesus por causa das imperfeições das igrejas é uma tolice. de dimensões trágicas… O cristianismo, por outro lado, deve ser transformado”. Não só o Cristianismo precisa ser transformado, mas nós também. 

A experiência de Mestre Eckhart ensinou-lhe que, a passagem da consciência da realidade comum para a realidade superior, ocorre antes da transformação da nossa consciência do ego. Muitos meditadores em nossa tradição tiveram a mesma experiência, muitas vezes ainda no início da jornada. “A princípio, sua presença pode apenas ser vislumbrada, algo que devemos simplesmente esperar.” (‘Jesus, o Mestre Interior’). No entanto, esse vislumbre é suficiente para nos acordar, como diriam os primeiros cristãos, e tudo o que pensamos fazer é visto sob uma luz diferente. Este é o dom do amor, a graça do Espírito, o Cristo interior, chegando até nós. Depois de termos vislumbrado o amor que habita em nosso centro, e sabermos que somos aceitos como somos, teremos a coragem de enfrentar nossas próprias limitações; podemos aceitar o nosso lado sombrio e integrá-lo na totalidade do nosso ser, o que nos permite aceitar o lado sombrio dos outros com compaixão.   

Com esse insight, tomamos consciência de quão deformada tem sido a nossa percepção da realidade, devido a múltiplas formas de condicionamento, e isso, lentamente nos transforma. Não somos mais governados e aprisionados pelo passado, mas podemos permanecer no momento presente, onde está a Realidade Divina. Então começa o processo de “purificação do nosso coração”, que muitas vezes é chamado de estágio de purgação no caminho espiritual.  Gradualmente, ao longo do tempo, o amor torna-nos cada vez mais conscientes das limitações do nosso egocentrismo, e permite-nos dar um passo para a liberdade, transcendendo o ego, tornando-nos mais centrados no outro, mais centrados em Cristo. Enquanto antes “víamos através de um espelho obscuro”, à medida que a nossa percepção é esclarecida, vemos e “conhecemos” Cristo como ele verdadeiramente é, e vemos a nós mesmos como verdadeiramente somos. 

Tudo o que temos que fazer é prestar atenção à nossa palavra, ouvi-la profundamente, e estar abertos aos insights dados. No silêncio começamos a “voltar-nos para o outro, a deixar-nos para trás; e isso é amar” (‘Jesus, o Mestre Interior’).

26 de janeiro de 2024                                                                                                    

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