A desconstrução do nosso falso eu.
Simone Weil disse que recebemos de Deus o próprio dom da nossa existência, portanto, tudo o que nos é dado é um presente divino, inclusive o nosso próprio ser. Então, o que podemos oferecer a Deus em troca?, ela questiona. Ela afirma que, por algum motivo, construímos um falso eu, um falso ego. Falso porque nos apegamos a ele, o defendemos. Atribuímos-lhe realidade em excesso. Pensamos que é um fim em si mesmo, em vez de um meio, uma forma de comunicação ou um modo de servir. Assim, o ego começa a predominar em nossas mentes, nossos sentimentos, nossos relacionamentos – em toda essa complexidade – e isso às vezes leva anos para ser desfeito. Ela diz que a única coisa que podemos oferecer a Deus é a demolição desse falso eu, desse falso ego. Ela usa a palavra “destruição”, que é um termo bastante violento, mas às vezes realmente parece destruição. Em certos momentos, quando lutamos contra o nosso ego, sentimos que há uma certa violência interior acontecendo. Não se trata realmente de se prejudicar, mas sim de realizar um trabalho sério e genuíno, por vezes difícil, na transcendência, na desconstrução ou na demolição do nosso falso eu. E essa é a importância central da meditação no processo de autodescoberta.
