Carta 3 – O Que é Meditação?
Cara(o) Amiga(o)
Meditação é a fiel repetição de uma frase-oração, ou “mantra”, como John Main o chamava. John Main redescobriu esse modo de oração nos escritos dos primeiros cristãos, os Padres e Madres do Deserto, que no quarto século da nossa Era Comum retiraram-se principalmente para o deserto do Egito para viver uma vida cristã autêntica baseada no ensinamento de Jesus. A frase que John Main recomendava é “Maranata”. Ele escolheu essa frase por ser a mais antiga oração em aramaico, a língua que Jesus falava. Além disso, a palavra não possui nenhuma conotação para nós, de modo que não dará combustível para nossa mente ansiosa por continuar a pensar.
A repetição fiel e amorosa dessa oração conduz-nos a uma quietude do corpo e da alma e ajuda-nos a entrar no silêncio que habita o centro do nosso ser. O famoso místico do século XIV, Mestre Eckhart, disse: “Nada descreve Deus tão bem quanto o silêncio”. Lá no verdadeiro centro do nosso ser habita Cristo, e lá nós entramos na oração de Jesus. John Main disse em “Momento de Cristo”:
Estamos convencidos que a mensagem central do Novo Testamento é de que há apenas realmente uma única oração e que essa oração é a oração de Cristo. É uma oração que continua no nosso coração dia e noite. Eu só posso descrevê-la como uma corrente de amor que flui continuamente entre Jesus e seu Pai. Essa corrente de amor é o Espírito Santo.
Nosso primeiro objetivo é ser capaz de manter nossa mente no mantra durante o período da meditação. Isso em si é bastante difícil, pois pensamentos não param de aparecer. Nossa mente simplesmente adora decolar em voos de fantasias, viajar pela estrada das lembranças, ou listar todas as tarefas que temos a fazer depois da meditação. Precisamos ser pacientes e brandos conosco. Quando você vir que se perdeu em seus pensamentos, não se condene nem se critique, mas suavemente dirija sua mente de volta à sua palavra-oração. Aceite simplesmente que isso é natural e esperado. Sua mente é como um cachorrinho brincalhão, sempre pronto a fugir em vez de ficar perto de você. Você não se zangaria com um cachorrinho, não é verdade? Você o encorajaria, gentil e amorosamente, a voltar.
Desde que faça isso sem sentir que está se forçando – não use o mantra como um porrete para golpear seus pensamentos – aos poucos você será capaz de ficar com o mantra sem perceber quaisquer distrações. Seus pensamentos podem ainda estar ali nos bastidores, mas mais como a música do supermercado – você não os nota realmente.
Quanto mais você pratica, mais fácil fica, e, breve, em vez de dizer a palavra, você parece estar escutando-a, e finalmente ela vai soar sozinha no seu coração. Então, seu corpo e sua mente tornam-se como o centro do seu ser, em harmonia e em paz.
No livro “A Palavra Que Leva Ao Silêncio”, John Main descreve isso da seguinte maneira: As áreas superficiais da mente estão agora afinadas com a profunda paz no âmago do nosso ser. Uma mesma harmônica ressoa por todo o nosso ser. Nesse estado nós ultrapassamos o pensamento, a imaginação e todas as imagens. Nós simplesmente repousamos com a Realidade, a presença percebida do próprio Deus habitando em nossos corações.
Até a Próxima Semana
Escola da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã
BRASIL