Carta 25 – Em Busca da Joia Preciosa
Cara(o) Amiga(o)
Em um dos recentes ‘Ensinamentos Semanais’ citei Laurence Freeman quando ele disse que, na visão de John Main, a importância do Jesus de Nazaré histórico era que ele “despertou para si mesmo dentro das limitações mortais que todos conhecemos”. Laurence Freeman então continuou sublinhando a importância deste despertar para todos nós, como o “despertar único e inclusivo da consciência humana para sua fonte em Deus.”
Jesus nos mostrou nosso potencial, mas achamos difícil de acreditar na verdade que ele nos apontou. Daí a importância dada aos ensinamentos de John Main, de Laurence Freeman e dos primeiros cristãos para crescermos em direção do autoconhecimento, tomando consciência desse tesouro dentro de nós. A experiência da oração contemplativa, da meditação, é de grande ajuda no caminho para essa descoberta. A história a seguir ilustra lindamente nossa condição e a necessária busca:
Em um remoto reino de perfeição, havia um monarca justo que tinha uma esposa, um filho e uma filha, maravilhosos. Todos eles viviam juntos felizes. Um dia o pai chamou seus filhos diante de si e disse: “Chegou a hora, como chega para todos. Vocês devem descer, a uma distância infinita, para outra terra. Vocês devem procurar encontrar e trazer de volta uma joia preciosa.”
Os viajantes, disfarçados, foram conduzidos a uma terra estranha, cujos habitantes, quase todos, viviam uma existência sombria. O efeito daquele lugar foi tal que os dois perderam o contato entre si e vagaram como se estivessem dormindo. De vez em quando viam fantasmas, similares aos de seu país e da Joia, mas tal era a condição deles que essas coisas só aumentavam a intensidade de seus devaneios, que passaram a tomar por realidade.
Quando a notícia da situação de seus filhos chegou ao rei, ele mandou um recado por um servo de confiança, um homem sábio: “Lembrem-se de sua missão, despertem de seus sonhos e permaneçam juntos.” Com essa mensagem eles despertaram e com a ajuda de seu guia salvador eles enfrentaram os assustadores perigos que cercavam a joia e, que por sua ajuda mágica, retornaram ao seu reino de luz, para lá permanecer em crescente felicidade, para sempre.
Nossa falta de conhecimento e aceitação de quem realmente somos é frequentemente descrita nos textos dos primeiros cristãos como uma condição equivalente a estarmos dormindo ou bêbados. A preocupação com nosso eu superficial, nosso ego, esconde não apenas a verdadeira realidade de nós mesmos, mas também a da Realidade Última atrás de nossa trivial e limitada realidade material.
O mesmo sentimento é expresso no ‘Evangelho de Tomé’, um importante Evangelho com uma reunião de ditos de Jesus que circulava oralmente na época. Jesus disse: “Eu me posicionei no meio do mundo e na carne Eu apareci para eles. Encontrei-os todos bêbados, e nenhum deles com sede. Minha alma doeu pelos filhos da humanidade, porque estão cegos de coração e não veem, pois vieram vazios ao mundo, e também procuram sair do mundo, vazios. Mas agora estão bêbados. Quando eliminarem o vinho, então se arrependerão.” (Logion 28)
Kim Nataraja
Até a Próxima Semana
Escola da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã
BRASIL