Carta 10 – Fé
Cara(o) Amiga(o)
Como vimos, portanto, a validade de nossa meditação está fundamentada na crença do Espírito interior. Somada a isso está a compreensão de que não é nossa prece, mas que nos juntamos à prece de Jesus, no Espírito, nas profundezas de nosso ser, onde nossa consciência está ligada à Sua consciência.
John Main sempre enfatizou que podemos verificar nossa fé cristã por meio da experiência, a experiência profunda da oração contemplativa, à qual a meditação leva. Portanto, torna-se mais do que mera crença, fundamenta-se na fé, uma relação de confiança e amor com o Divino, construída e aprofundada através do compromisso de uma prática regular e fiel: “Na meditação, o nosso caminho para esta consciência crescente do Espírito que ora dentro de nós é simplesmente o de aprofundar nossa fidelidade ao repetir do mantra. É a repetição fiel da nossa palavra que integra todo o nosso ser. Faça-o porque isso nos leva ao silêncio, à concentração, ao nível de consciência necessário que nos permite abrir a nossa mente e o nosso coração para a obra do amor de Deus, nas profundezas do nosso ser.”
Muitos místicos, em particular, Santo Agostinho e Mestre Eckhart, chamaram essa consciência de “O Nascimento de Cristo na alma”. John Main usa exatamente as mesmas palavras: “Isso é tudo o que a meditação é – uma preparação do nosso coração para o nascimento de Cristo … devemos deixar que tudo o mais passe, para que haja espaço para ele em nossos corações.”
É nosso compromisso fiel com a meditação, com a recitação do mantra, que nos permite deixar passar todos os pensamentos e imagens do nível superficial de nossa consciência, e entrar nesse nível mais profundo de consciência. Precisamos ‘deixar passar a nós mesmos’ para nos tornarmos cientes de que somos muito mais do que pensamos que somos. O ‘ego’ sempre tenta nos colocar no centro de nossa atenção, e na dos outros e, ao fazer isso, cria barreiras que nos separam dos outros, da criação, e da Realidade Divina. Não podemos nos tornar cientes de que existem mais níveis de consciência em nosso ser, a menos que abandonemos temporariamente todos os nossos pensamentos e imagens condicionados. Não podemos nos tornar conscientes do amor que mora em nosso centro profundo, a menos que tiremos o foco da atenção de nós mesmos. Uma vez que tenhamos experimentado esse amor, ainda que fugaz, ele mudará nossa atitude para com todos, e tudo o que nos rodeia. É nossa fé em que Deus é Amor, e nossa experiência no caminho da meditação, que nos ensina que podemos tocar essa Realidade no centro de nosso ser.
Começamos com fé e compromisso com o caminho de descoberta de nosso eu verdadeiro em Cristo. Continuamos na esperança e na confiança de que a graça de experimentar essa realidade nos seja concedida. Esse compromisso e confiança constituem a essência da nossa fé.
(Todas as citações vêm de “The Hunger for Depht and Meaning” Ed. Peter Ng)
Kim Nataraja
Até a Próxima Semana
Escola da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã
BRASIL