Ano 3 – Carta 13

Abertura para o nosso potencial

 Cara(o) Amiga(o)

No “Ensinamento” da semana passada falei sobre a afirmação de que “dar nome não é saber”. No entanto, nosso instinto é dar nomes, pois isso nos dá a sensação de estarmos no controle, por mais ilusório que seja: isso nos leva a pensar que sabemos com o que estamos lidando. Nosso cérebro é construído dessa maneira. Funciona principalmente por imagens, que levam a conceitos, pensamentos e nomes. Nosso instinto de sobrevivência exige que estejamos no controle. Isso é muito útil para lidar com questões no plano material e racional da consciência, mas é um verdadeiro obstáculo no caminho espiritual onde estamos abandonando o mundo do pensamento racional. Então, estaremos acessando a consciência espiritual, uma maneira diferente de ser, onde entregamos o controle a um poder superior, a que chamamos Deus. Para fazermos isso, precisamos sentirmo-nos seguros do Amor de Deus.

As imagens de Deus que criamos em nossa mente e o nome que atribuímos a essa Realidade Divina podem impedir esse necessário relacionamento de confiança e amor. Essas imagens, em vez de serem úteis, provavelmente nos aprisionarão em nosso próprio mundo de pensamentos, e constituirão um verdadeiro obstáculo no caminho. Se fomos criados com ‘Deus como Pai’ e a nossa experiência do nosso próprio pai estava longe de ser generosa, se nos sentimos rejeitados, criticados, essa imagem não nos dará a confiança de que necessitamos no caminho espiritual, pois a nossa autoimagem poderá ser a de uma pessoa indigna da atenção de Deus. Mesmo pensar em Deus como ‘Mãe’ não resolve realmente esse problema, estaremos apenas substituindo uma imagem por outra. Outras pessoas podem ter tido a mesma experiência de rejeição com a mãe. Se Deus é visto como um juiz, ele se torna alguém a ser evitado em vez de alguém com quem nos relacionar, uma vez que muitos de nós carregamos um fardo de percepção de culpa. Se fomos educados com a imagem de um velho sentado em uma nuvem no céu, e temos uma inclinação científica, logo nos ocorrerá o pensamento de que isso é simplesmente impossível: aquela nossa imagem infantil ao crescermos será considerada apenas um faz de conta que deixamos para trás, e jogaremos fora a religião junto com essa imagem imatura.

No livro “The Present Christ” John Main ressalta que essas imagens levam a um medo que se torna nossa emoção dominante: “Portanto, nossa oração passa a ser uma forma de agradá-lo ou aplacá-lo e, ao fazer uma petição, esperamos ‘afastar sua raiva de nós’.” Esse medo de não sermos suficientemente bons leva a uma sensação de alienação, e de falta de significação: uma condição generalizada que prevalece em nossa sociedade ocidental. Mas, Jesus nos mostrou, em sua maneira de ser, e em seu ensinamento de que Deus é Amor, não uma outra imagem a ser possuída, mas algo que podemos experienciar como um relacionamento pessoal de amor. Somente seguindo a orientação de Jesus “para deixar o eu para trás”, podemos experimentar o Silêncio da presença amorosa do Divino no centro de nosso ser. Fazemos isso ao seguir o ensinamento de John Main de abandonar todos os pensamentos e imagens a partir dos quais construímos o ‘eu’, o ego. E então, sabemos como John Main nos diz em ‘The Present Christ’ que: “Nós somos porque Deus é”… “Deus é o nosso ser e, por isso, o nosso ser é bom, tal como Ele é”. Ele enfatiza que vamos experimentar isso apesar do fato de que “pode parecer inacreditável para nós que o caminho para a visão real é o da transcendência de todas as imagens. Superficialmente, parece-nos que sem imagens não há visão, assim como sem pensamento não há consciência.”

Kim Nataraja

Até a Próxima Semana

Escola da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã
BRASIL

Publicações similares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *