Carta 26 – A Verdadeira Percepção
Cara(o) Amiga(o)
Laurence Freeman em ‘Jesus, o mestre interior’ enfatiza que “O trabalho essencial de um professor espiritual é: não o de nos dizer o que fazer, mas nos ajudar a ver quem somos.” Essa é a missão de nosso mestre espiritual, o Jesus histórico. Ele nos diz para irmos além, além dessa consciência para a qual estamos cotidianamente presentes, para aquela em que isto está inserido. Pe. Laurence continua: “É um plano de consciência similar e indivisível da Consciência que é o Deus da revelação cósmica e bíblica, semelhante ao grande ‘EU SOU’”. Este é um pensamento inicialmente difícil – diferentes níveis de consciência.
CG Jung, o famoso psiquiatra suíço do século 20, disse: “A suposição de que a psique humana possua camadas que estão abaixo da consciência não parece suscitar séria oposição, mas que possa haver também camadas dispostas acima da consciência parece ser uma suposição que beira à alta traição contra a natureza humana.” No entanto, agora, no século 21, os neurocientistas aceitam, com base em suas pesquisas sobre o cérebro, que existem de fato maneiras distintas de se sintonizar com a realidade. Existe um lado direito e um lado esquerdo do cérebro para percepções da realidade e, mais ainda, uma maneira de ir além de ambas.
Minha filha Shanida afirma em seu livro ‘The Blissful Brain’ (O Cérebro Bem-aventurado): “Nosso cérebro contém ‘circuitos’ que nos permitem experimentar tanto estados superiores de consciência quanto uma unidade que tudo permeia que pode ser equiparada a Deus.” Albert Einstein também estava atento a essas diferentes formas potenciais de conhecimento, a racionalidade do cérebro esquerdo e a intuição do cérebro direito: “A mente intuitiva é um presente sagrado e a mente racional é uma serva fiel. Criamos uma sociedade que honra o servo e esquece o presente.” Nossa preocupação com a mente racional nos cega para a mente intuitiva e causa muitos dos problemas em nosso mundo, como Iain McGilchrist ilustra lindamente em seu livro ‘The Master and his Emissary’ (O Mestre e seu Emissário).
Nosso condicionamento emocional e psicológico pode fazer com que nos comportemos como autômatos reagindo tão somente por hábito e reflexo; inteiramente inconscientes do que nos move; portanto, poderíamos ser chamados de ‘adormecidos’, ‘bêbados’. Somente quando ficarmos cientes de que nossa estrutura psicológica é condicionada, ela não mais nos impedirá de ir além da realidade material comum para o aspecto espiritual de nosso ser. Este é o primeiro nível de autoconhecimento. Este é o nível do ‘ego’ que precisamos entender aceitar e integrar para então transcender.
Essa compreensão e a subsequente, de quem realmente somos, não é algo que precisamos, ou mesmo possamos, alcançar por conta própria. Precisamos apenas estar abertos ao chamado com nossa maneira intuitiva de conhecer, a forma de comunicação com o Cristo que habita em nós. O Pe. Laurence em ‘Jesus,o Mestre Interior’ usa o exemplo de Maria Madalena. No relato da ressurreição por São João, vemos que o esmagador estado emocional de dor e perda a impede de reconhecer Jesus em sua verdadeira realidade. Mas, então, ela é amorosamente chamada pelo nome por Jesus, evocando assim sua verdadeira essência e o verdadeiro relacionamento deles. Isso a ajuda a perceber a verdadeira essência dele e ela então o chama de ‘rabuni’, mestre.
Kim Nataraja
Até a Próxima Semana
Escola da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã
BRASIL