Carta 32 – O Papel da Atenção
Cara(o) Amiga(o)
“Para entrar nessa misteriosa e sagrada comunhão com a Palavra de Deus que nos habita, precisamos primeiro da coragem para nos tornarmos mais e mais silenciosos… um silêncio onde temos que escutar, nos concentrar, estar presentes.” (A Palavra que vem do silêncio)
Nessa passagem John Main chama nossa atenção para o papel da escuta profunda, da atenção contínua. Uma atenção focada e unidirecional tem um forte efeito na maneira como nosso cérebro funciona, na maneira que nosso cérebro nos permite sentir, de entrar em sintonia com vários níveis de realidade.
Em seu livro ‘The Blissful Brain’ a Dra Shanida Nataraja explica que existem dois lados em nosso cérebro e a alternância entre um e outro é facilitada pelo poder da atenção:
“O hemisfério esquerdo abriga o circuito neural que se ocupa da linguagem …do funcionamento intelectual da mente humana (isto é, nosso ego). Durante a meditação, através do foco da atenção, o praticante acessa o funcionamento do hemisfério direito…Experimentos sugerem que o hemisfério direito apreende uma representação muito mais verdadeira de uma experiência. Nosso hemisfério esquerdo tem uma tendência de filtrar nossas experiências, para que elas se encaixem em nossa percepção estabelecida, de nós mesmos, e do mundo. Experiências que cabem em nossa visão de mundo e “reforçam nosso ego”, são capturadas, enquanto aquelas que desafiam a nossa visão de mundo, e “enfraquecem nosso ego” são ignoradas. O hemisfério direito, por outro lado, captura toda experiência e, por isso, quando durante a meditação o praticante tem acesso ao hemisfério direito, frequentemente, memórias há muito esquecidas podem vir à tona em cores vivas, ou podem surgir soluções para problemas não resolvidos, ou mesmo para dilemas. A meditação, portanto, proporciona ao praticante um método através do qual se alterna entre estes dois modos de pensar e perceber, conferidos pelos dois hemisférios.”
Essa mudança entre os diferentes modos de percepção, que nos proporciona uma imagem mais completa de quem somos, conduz a um autoconhecimento mais profundo. Somente conhecendo verdadeiramente a nós mesmos, nos livrando dos filtros com os quais nós vemos a realidade, podemos vislumbrar a realidade definitiva.
John Main enfatiza a importância disso:
“A maioria de nós precisa primeiro entrar em contato consigo, entrar em um relacionamento pleno consigo mesmo, antes de podermos nos voltar abertamente para nosso relacionamento com Deus. Colocando isso de outra forma, precisamos primeiro encontrar, expandir e experimentar nossa própria capacidade para a paz, serenidade e harmonia, antes de começar a apreciar nosso Deus e pai, que é o autor de toda harmonia e serenidade.” (A Palavra Que Vem Do Silêncio)
por Kim Nataraja
Até a próxima semana!
Escola da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã
BRASIL