Carta 50 – Grupos de Meditação, Comunidades de Fé
Cara(o) Amiga(o)
Já se disse que em cada época Deus faz surgir profetas e mestres, para garantir que Seu trabalho continue. John Main é certamente considerado como um dos grandes mestres espirituais do século 20. Mas, ele foi também, em um sentido real, um profeta. John Main tinha uma profunda compreensão e uma visão profética de que o seu ensinamento sobre o silêncio e a quietude na oração seriam essencialmente transmitidos através de pequenos grupos. Sua esperança era a de que esse ensinamento e prática seriam compartilhados de maneira orgânica, através de grupos de apoio de homens e mulheres, reunindo-se semanalmente em casas, igrejas, escolas e locais de trabalho. Ele tinha uma profunda compreensão da antiga tradição dos cristãos que se reuniam para orar.
Laurence Freeman salientou: “John Main via esse moderno desenvolvimento da contemplação como originário das comunidades de fé, e da liturgia que estavam no coração da igreja primitiva. Esses primeiros cristãos também se reuniam em pequenos grupos, nas casas uns dos outros. Essa reunião em oração formava a “koinonia”, ou a interação social e comunhão, que era a marca e a força que distinguia a igreja primitiva. Esses pequenos grupos se reuniam para orar e para oferecer apoio e incentivo, uns aos outros, na sua fé comum”.
Não há dúvida de que o ensinamento da espiritualidade está historicamente enraizado na tradição do pequeno grupo. Os israelitas se dividiam em pequenas tribos e unidades familiares próximas, especialmente durante a sua permanência no deserto. Jesus escolheu um pequeno grupo de doze para formar o centro de seu ministério. Ao longo dos últimos 2.000 anos, pequenos grupos de homens e mulheres uniram-se na vida monástica para viver em comunidade e se apoiarem uns aos outros, na jornada espiritual. Parece natural que as pessoas que estão orando contemplativamente no século 21, também devessem reunir-se em grupos para se apoiarem uns aos outros em sua peregrinação comum.
Pequenos grupos de meditação cristã têm uma grande vantagem na adaptação ao seu ambiente. Eles praticamente não exigem recursos, além do tempo que os seus membros dedicam ao grupo a cada semana. O grupo pequeno proporciona um sentido de comunidade para pessoas que sentem terem perdido ou quebrado laços de vizinhança, e laços familiares pessoais.
A necessidade de apoio, incentivo e compartilhamento, são razões adicionais para se unir a um grupo. Todos nós precisamos da confirmação dos outros e, assim, nossa fé pode ser reforçada através de laços de carinho, amor e companheirismo, que se desenvolvem no pequeno grupo. Valores básicos espirituais e humanos são compartilhados em um ambiente de grupo, e segue-se o desenvolvimento de amizades.
Essa é a principal razão para nos reunirmos uma vez por semana. É como se os meditantes instintivamente percebessem que esse é um caminho difícil de se percorrer sozinho; é uma viagem que é muito mais fácil se a fizermos com outros. É verdade que ninguém consegue meditar por nós, que meditamos sozinhos a cada dia, mas ao mesmo tempo percebemos que precisamos do apoio uns dos outros, se quisermos perseverar nesta jornada.
Paul Harris
Até a Próxima Semana
Escola da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã
BRASIL