“Os Oceanos de Deus” Um trecho de The Present Christ
Por John Main OSB
Sua vida é uma unidade porque está centrada no mistério de Deus. Mas, para conhecer essa unidade, precisamos olhar além de nós mesmos, com uma perspectiva maior do que aquela com que geralmente enxergamos, quando o interesse próprio é nossa preocupação dominante. Apenas quando começamos a nos afastar do interesse próprio e da autoconsciência é que essa perspectiva mais ampla começa a se abrir.
Outra forma de dizer que nossa visão se expande é afirmar que passamos a enxergar além das meras aparências, mergulhando na profundidade e no significado das coisas… não apenas em relação a nós mesmos, mas em relação ao todo do qual fazemos parte. Este é o caminho para o verdadeiro autoconhecimento, e é por isso que o verdadeiro autoconhecimento é idêntico à verdadeira humildade.
Pela quietude no espírito, movemo-nos no oceano de Deus. Se tivermos a coragem de nos lançar para longe da costa, não podemos deixar de encontrar direção e energia. Quanto mais nos afastamos, mais forte a corrente se torna, e mais profunda a nossa fé. Por um tempo, a profundidade da nossa fé é desafiada pelo paradoxo de que o horizonte do nosso destino está sempre se afastando. Para onde estamos indo com essa fé mais profunda? Então, gradualmente, reconhecemos o significado da corrente que nos guia, e percebemos que o oceano é infinito.
Após a meditação:
Um trecho de “The Far Field” por Theodore Roethke, em OS POEMAS COLETADOS DE THEODORE ROETHKE (Garden City, NY: Doubleday, 1966), p. 201.
Todas as coisas finitas revelam infinitude:
A montanha com sua sombra brilhante e singular,
Como o brilho azul na neve recém-congelada,
A luz que permanece sobre pinheiros carregados de gelo;
O odor de tília em uma encosta da montanha,
Um aroma amado pelas abelhas;
O silêncio da água acima de uma árvore submersa:
A pureza serena da memória em um homem—
Uma ondulação que se alarga a partir de uma única pedra
Cercando as águas do mundo.