Carta 37 – Jesus, o Homem e o Cristo
Cara(o) Amiga(o)
O Jesus que encontramos na meditação é o mesmo que experienciamos nas cartas de São Paulo, especificamente, o Jesus ressurreto. São Paulo não faz nenhum relato da vida de Jesus, ou mesmo de seu ensinamento; nem mesmo nos Evangelhos há qualquer relato estritamente biográfico. Nos primórdios da Igreja todos sabiam quem era Jesus; eles não precisavam de ulteriores detalhes. Eles selecionaram episódios da vida de Jesus que os ajudavam a compartilhar seu entendimento da significação de sua vida e de seu ensinamento com as comunidades que se reuniam ao seu redor. São Paulo via tudo à luz do Cristo Ressurreto, o Cristo Cósmico; São Mateus se dirigia principalmente a seguidores judeus, e São João se dirigia a judeus helenizados, o que fica claramente expresso nos exemplos, símbolos e linguagem utilizados por esses três.
Os apóstolos não tinham dúvida quanto a Jesus ter existido, ser verdadeiramente humano e, ainda assim, ter ressuscitado. O Jesus ressurreto e o homem Jesus não são dois, mas um. Esse é o fato que importa para nós. No exemplo que sua vida representa, o homem Jesus nos mostra um caminho para a plenitude, uma via que transcende as insistentes demandas do ego, para agirmos a partir do ego ou do Eu verdadeiro, conforme a demanda das circunstâncias. Em seu exemplo de prece profunda Ele nos mostra um caminho para a plenitude e a consciência de nossa ligação coma Realidade Divina. O Cristo ressurreto nos mostra que nós também sobreviveremos à morte corpórea, e podemos até mesmo nesta vida experienciar a realidade da dimensão espiritual.
Não há dúvida que Jesus também tinha um ego. Afinal de contas, o ego é nosso instinto de sobrevivência, e que nos foi doado por Deus. Ele sabia como se posicionar e ser assertivo, como desaparecer para evitar situações perigosas, como se defender de críticas injustas. Ele possuía todo o espectro das emoções humanas. Nós o vemos agindo compassivamente, sempre que se confrontava com o sofrimento daqueles que curava; Ele é paciente, compreensivo e pronto a perdoar aqueles que haviam pecado. Há momentos de raiva, de irritação, de impaciência e de pesar. O vemos sedento, cansado, e em agonia quanto ao destino que o aguarda, no entanto, O vemos finalmente se entregar à vontade de Deus. Ele tinha um ego, mas ele estava no controle de seu ego; seu ego não o controlava.
“Jesus tinha um ego. Assim, não é que o ego seja pecaminoso em si mesmo. É o egoísmo, a fixação no ego que leva a esquecer e trair nosso Eu verdadeiro. O pecado acontece sempre que confundimos o ego com o Eu verdadeiro.” (Laurence Freeman no livro ‘Jesus, o Mestre Interior)
Ele delineou claramente seu objetivo: “Vim para que tenhais vida e vida em abundância”. Cumprimos isso que Ele esperava de nós quando vivemos a partir de nosso Eu verdadeiro, em harmonia com um ego totalmente integrado, conscientes de nossa ligação, nossa interconexão com a Realidade Divina. Essa realização é o fruto da meditação, da prece profunda. A chave é a profunda escuta ao Cristo que nos habita, a essência do homem Jesus, e a escuta atenta ao espírito de seus ensinamentos nos Evangelhos que estão à nossa disposição.
por Kim Nataraja
Até a próxima semana!
Escola da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã
BRASIL