Carta 19 – Será que jamais paramos de repetir o Mantra?

Cara(o) Amiga(o)

Esta é uma pergunta importante que qualquer meditador ou líder de grupo ouvirá. Frequentemente, começamos a nos sentir tão relaxados após repetir o mantra por um certo tempo, que o mantra pode parecer interromper a paz e quietude que estamos experimentando. Mas, caso realmente abandonemos o mantra, de duas uma: ou perdemos essa sensação de paz, ou apenas nos envolvemos na ‘santa flutuação’, ou ‘paz perniciosa’ (como os eremitas do deserto a chamavam).  Ela era chamada “perniciosa’, porque realmente não estamos mais orando ou meditando, e não temos nenhuma possibilidade de nos tornamos conscientes da presença de Deus no centro de nosso ser. Quando abandonamos a nossa palavra/oração, estamos apenas desfrutando os resultados do relaxamento, e permanecemos na superfície do nosso ser.  Sim, é maravilhoso sentir-se relaxado e deixar irem embora nossas preocupações cotidianas e o estresse, mas não estamos mais meditando realmente. Quando você sai dessa sessão de meditação, você poderá estar se sentindo relaxado, embora um pouco “desligado”, na verdade você não estará completamente ‘aqui’, ao passo que quando você esteve meditando realmente, você se sente alerta, focado e energizado.

Pode muito bem haver momentos em que somos arrebatados no espírito, e não estamos mais conscientes de nada, incluindo o mantra. Mas, isto é algo sobre o qual não temos controle.  Trata-se de um puro dom de Deus, uma graça. Não podemos, conscientemente, fazer com que isso aconteça.

John Main ressaltava: 

“Você repete seu mantra toda manhã e toda noite, por cerca de vinte anos. Aí, numa manhã ou numa noite, você se dá conta de que não está repetindo o mantra. Tão logo você se dá conta de que não mais o está repetindo, você recomeça a repeti-lo.  Esses períodos sem a repetição do mantra podem ser de uma fração de segundo, podem ser de três minutos, podem ser de toda a meia hora.  Todavia, caso você esteja consciente de que você não estava repetindo o mantra durante toda a meia hora, você pode ter certeza de que não estava meditando, qualquer que seja a natureza daquilo que você estava fazendo!  Um princípio realmente importante que precisa ficar  bem claro em sua mente é:  “Repita seu mantra até que não mais consiga repeti-lo”. Tão logo você se dê conta de que você não o está repetindo, volte a repeti-lo.  A antiga tradição monástica expressava isso da seguinte maneira: “O monge que sabe que está rezando, não está rezando; o monge que não sabe que está rezando, esse sim está rezando”.

Diga a palavra da forma mais impessoal que você possa: ma-ra-na-tha.  E continue a repeti-la. Continue a repetir sua palavra durante todo o tempo da meditação. Retorne a ela caso a tenha abandonado. Não se incomode com as distrações; apenas continue a repetir sua palavra.

John Main explicou, também, que há um processo gradual de mudança no nosso jeito de dizer o mantra. No início, repetimos o mantra em nossa cabeça com uma certa dose de esforço, voltando a ele suavemente, cada vez que divagamos em nosso mundo dos pensamentos; depois, com passar do tempo, não o repetimos mais mentalmente, ele ressoa por si só, e o escutamos com toda a nossa atenção. Finalmente, ele passa a fazer parte do nosso ser e por si só ressoa em nosso coração.

(John Main – The Hunger for depth and meaning)

Até a Próxima Semana

Escola da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã
BRASIL

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