Carta 42 – A tradição e a prática da Meditação Cristã (4)

 Cara(o) Amiga(o)

O que torna a meditação Cristã é a nossa fé em Jesus. Também é Cristã porque está em uma tradição histórica e teológica que conduz diretamente para a mente de Cristo. É Cristã porque meditamos dentro de todo o contexto da oração e prática Cristã. Uma vez que meditamos com outros Cristãos e pela razão que nos empodera com o fogo da fé e do amor, a meditação nos habilita a evangelizar. Portanto, o ensinamento de meditação no mundo moderno é uma forma de evangelização.

Meditação é uma prática simples de “oração pura”. Ela não substitui outras formas de oração. Pelo contrário, ela reforça estas formas com um novo significado e vitalidade. Ela não substitui a necessidade pela vida eclesial ou discurso teológico. Ela renova o auto entendimento da igreja e traz a teologia para uma nova precisão e autoconfiança que conversa com os mundos secular e científico. Neste mundo secular, a meditação está bem estabelecida através de pesquisas médicas e científicas como benéfica para nossa saúde física e bem-estar mental. A porta está aberta para nós reconhecermos isso e apontarmos para significados mais profundos – os frutos espirituais que a meditação ativa, e para entender significado e verdade como experiências, não como conceitos. Na meditação, descobrimos o significado da existência humana no processo da nossa própria transformação e divinização.

É simples. É por isso que estamos aqui para falar sobre crianças e meditação. Mas, não apenas as crianças se beneficiam quando ensinamos as crianças a meditar nesta tradição. Somos nós que nos lembramos do pleno poder e admiração da tradição que nos formou e da qual pertencemos. Mas, ela é radical. A meditação muda a vida da pessoa que a pratica e muda também a vida da comunidade na qual é praticada. Ela faz isso através do silêncio ao invés do conflito porque ela traz o processo de transformação para dentro da alma e não projeta conflitos externamente. Como resultado, ela muda o relacionamento entre as pessoas e isso redistribui o poder e o significado da autoridade. Neste sentido, a meditação é tão perigosa e libertadora para o potencial humano quanto o próprio evangelho.

Eu tentei mostrar de forma muito sucinta como esta prática simples pertence à tradição Cristã e nos oferece hoje um caminho de simplicidade radical para fazer com que esta tradição seja capaz de, uma vez mais, permitir que o mundo em sua mais profunda crise se encontre com a esperança, a visão e o amor de Cristo.

Laurence Freeman OSB
Dublin, 2 de Outubro de 2012

Até a Próxima Semana

Escola da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã
BRASIL