Carta 9 – A Teologia da Prece de John Main
Cara(o) Amiga(o)
A teologia de John Main sobre a prece está intimamente ligada à sua teologia cristã em geral. Em um ensinamento semanal anterior, ouvimos John Main dizer que “o propósito de nossa comunidade é transmitir a tradição da meditação. O que estamos transmitindo, ou tentando transmitir, é o conhecimento de que Cristo habita nossos corações.” Ele enfatizou esta comunhão repetidamente: “Jesus enviou seu Espírito para habitar em nós, fazendo de todos nós templos de santidade: o próprio Deus habitando em nós … Sabemos então que compartilhamos a natureza de Deus”.
Essa fé no Cristo que nos habita (sempre vista em termos Trinitários, Deus, Espírito Santo) e a prece como forma de tocar essa Presença dá forma a todo o ensinamento de John Main. Ele constantemente enfatiza a necessidade de deixar que passem os pensamentos, imagens, impressões sensoriais, que formam nossa consciência superficial, nossa consciência racional. Quando fazemos isso, entramos no reino de nossa própria consciência mais profunda e, ao mesmo tempo, na consciência de Jesus, a consciência do Cristo. Podemos fazer isso porque Jesus compartilhou nossa humanidade: “A jornada da prece é simplesmente a de encontrar o caminho para abrir nossa consciência humana à sua consciência humana”.
Não apenas comungamos então com sua consciência, mas também nos juntamos a ele em sua prece ao Divino, que ele sempre viu em termos de ‘Abba’, um termo respeitoso, mas amoroso e carinhoso, para Pai. Quando fizermos isso, enfatizou John Main, descobriremos que chega um ponto em que não falamos mais de “minha prece”, mas nos unimos a Cristo em sua prece ao Pai. Entramos na corrente de amor que flui entre Jesus e seu Pai, que é o Espírito Santo.
“Para entrar nessa corrente de pura prece, você deve transcender a si mesmo; você deve deixar a si mesmo para trás. Aprender a repetir o seu mantra, e aprender a disciplinar-se para orar todos os dias, é a maneira que a tradição nos dá, e a maneira como nossa própria experiência nos dá para caminhar com Jesus, por meio de Jesus, ao Pai.”
A essência da meditação é exatamente esta: concentrar toda a nossa intenção e atenção amorosa em nossa palavra de prece, colocando todo o resto temporariamente de lado.
John Main sempre enfatizou que meditação é prece, mas também que não é a única maneira de orar, e não é a única maneira de entrar nesta corrente de amor. Todas as formas de prece, a oração litúrgica ou a oração pessoal, podem levar-nos ao silêncio do nosso coração, onde habita Cristo, onde nos damos conta da presença divina, dessa pura experiência de Deus: “Portanto, a meditação não é de forma alguma exclusiva. Não estamos dizendo a ninguém, não perca tempo rezando o rosário, não perca tempo rezando o seu breviário. O que estamos dizendo é: entre na corrente pura da prece de Jesus. Lance-se nessa corrente por qualquer meio que puder encontrar, seja o rosário, a Via-Sacra, o Ofício Divino, ou qualquer outro.”
(Todas as citações vêm de “The hunger for depth and meaning “, editado por Peter Ng)
Kim Nataraja
Até a Próxima Semana
Escola da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã
BRASIL