Carta 12 – Coloque Sua Mente no Reino de Deus
Cara(o) Amiga(o)
Nas últimas cinco semanas vimos a importância de focarmos nosso eu verdadeiro, a centelha do Divino em nós, e a importância do arrependimento, humildade e purificação de nossas emoções autocentradas: “Volte-se para dentro de si mesmo e olhe: se você não vê a si mesmo como belo, então faça como o escultor faz com a estátua que ele quer fazer bela; ele entalha uma parte, nivela outra, alisa uma mancha e clareia outra, até expor uma bela face na estátua. Como ele, remova o que é supérfluo, alinhe o que é torto, clareie o que está escuro e faça-o brilhar, e nunca cesse de esculpir sua própria estátua, até que, de você, brilhe o divino esplendor da virtude… Abra seus olhos e veja (Plotino, Enéada I 6,9,7-24)”
Mas o que nós vemos? Quem ou o que é o Divino? Clemente de Alexandria, um dos primeiros Padres da Igreja, disse: “A concepção do puro ser é a que mais nos aproxima de Deus… Ele é inefável, está além de todo discurso, além de qualquer conceito, além de qualquer pensamento.”
Não podemos descrever Deus, ou nossa experiência. Com nossa consciência racional tentamos dar sentido ao que nossa consciência intuitiva percebe, o que na realidade é impossível. Bede Griffiths disse: “Parece-me que, em última análise, devemos ir além de todas as formas de pensamento – até mesmo além da Trindade, da Encarnação… Tudo isso pertence ao mundo dos sinais, manifestações de Deus no pensamento humano, mas Deus, Ele Mesmo, a própria Verdade, está além de todas as formas de pensamento.”
O que importa é mudar nosso centro de percepção, da superfície para as profundezas. Então, experimentamos: “A presença de Jesus em nosso interior, Seu Espírito Sagrado, que nos convoca a tornarmo-nos inteiramente cônscios desta parte de nosso ser. Num piscar de olhos, acordamos para nós mesmos, para o espírito que nos habita, e daí para a consciência da comunhão com Deus a que somos chamados a compartilhar. E, então, acordamos, não para uma solidão platônica, mas para uma completa comunhão com todos os seres, no próprio Ser. (John Main ‘A Palavra que leva ao Silêncio’).
Então, mostramos a natureza de Deus através da transformação de nosso comportamento: “Toda a alma é, e passa a ser, aquilo que ela contempla” (Plotino). Tudo o que devemos fazer é sentar e esperar:
Disse eu a minh’alma, aquieta-te e deixa
as trevas virem sobre ti,
O que será a escuridão de Deus.
Disse eu a minha alma, aquieta-te e espera sem esperança
Pois a esperança seria esperança pela coisa errada;
espera sem amor
Pois o amor seria amor pela coisa errada;
ainda há a fé
Mas, a fé, e o amor, e a esperança, estão todos eles
no aguardar.
Aguarda sem pensar, pois não estás pronta para pensar:
Assim a treva será a luz, e a quietude a dança.(poema de T.S.Eliot – Quatro Quartetos)
por Kim Nataraja
Até a próxima semana!
Escola da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã
BRASIL