Carta 17 – O que faz com que nossa meditação seja cristã?
Cara(o) Amiga(o)
A disciplina da Meditação é encontrada de uma forma ou de outra em todas as grandes religiões do mundo. Em todas, trata-se de um caminho da atenção, uma maneira de focalizar a mente unidirecionadamente. É uma maneira de desconectar a mente de todos os pensamentos superficiais, de modo a que somente a frase, imagem ou som sagrado seja o mais importante para nossa consciência, e nos leve além do mundo material para a Realidade Divina, qualquer que seja o nome que se dê a ela.
Mas, em nosso mundo moderno, ela é frequentemente utilizada apenas como uma técnica de relaxamento. A pesquisa mostra que a meditação produz efeitos fisiológicos importantes no organismo – abaixando a frequência da respiração, a pressão sanguínea e o ritmo dos batimentos cardíacos: a “resposta de relaxamento”. Isto combate os efeitos do estresse, ansiedade e mesmo da dor. Ao fazê-lo, além disso, reduz a sensação de urgência relacionada a vários tipos de vícios, que representam uma maneira negativa de tentar diminuir os níveis de estresse. Pacientes que sofrem de doenças sérias, tais como doenças cardíacas e câncer, descobrem que esse decréscimo na tensão promove melhorias gerais em sua saúde, nos estados mentais e, até mesmo, parece impedir ou diminuir o progresso da doença.
Portanto, é perfeitamente compreensível que muitos utilizem a meditação meramente por seus benefícios à saúde, por ser uma técnica de relaxamento do corpo e da mente. Além disso, é maravilhoso parar a interminável tagarelice da mente, e aliviar o estresse e a tensão. Sentimo-nos muito bem ao “tirarmos férias” das preocupações, ansiedades, esperanças e medos que geralmente nos atormentam, ao interromper a drenagem de energia de uma mente que gira em círculos.
Mas isso representaria uma oportunidade perdida: há muito mais na meditação do que os efeitos fisiológicos para o corpo. O efeito no corpo e na mente é, contudo, um importante primeiro passo na estrada para a transformação, para a clareza da visão e da plena consciência. Para um praticante sério, entretanto, o relaxamento do corpo é visto somente como uma preparação necessária, que leva ao propósito real da meditação: a transformação total da mente, deixando nossa consciência comum temporariamente para trás e, então, entrando na presença do Divino. Para conseguir isso, a meditação precisa ser uma disciplina espiritual que envolva solitude e silêncio, na qual nos distanciamos de todas as experiências sensoriais, imagens, emoções e pensamentos. Isto inevitavelmente efetivará uma transformação na consciência e, consequentemente, a transformação da pessoa como um todo. Fundamentalmente, nos mudará de pessoas que vivem na superfície para seres humanos totalmente despertos. Ela nos permite realizar todo nosso potencial, que é o que é todas as principais tradições da religião e da sabedoria incentivam: “Eu vim para que tenham vida, e vida em abundância” (Jo 10,10).
Nossa Meditação é cristã, visto que nosso foco está em Cristo. É por isso que utilizamos a antiga oração cristã “Maranatha”, “Vinde, Senhor” como nosso mantra. Como cristãos acreditamos que Cristo habita nosso coração e que lá, no silêncio, nos unimos em Sua prece ao Pai, e entramos com Ele no fluxo do amor, o Espírito Santo, que é nosso caminho para a Presença Divina. É nossa fé que faz de nossa meditação uma meditação cristã.
Até a Próxima Semana
Escola da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã
BRASIL