Carta 24 – A Filosofia Perene

Cara(o) Amiga(o)

A possibilidade da integração da pessoa com a Realidade Suprema está expressa claramente na “Filosofia Perene” *, que descreve o que há em comum entre as grandes religiões do mudo, e as tradições de sabedoria. Importa lembrar que os lugares comuns ressaltados por essa Filosofia se fundamentam em verdadeiras experiências espirituais práticas, e não em teologia ou em dogmas religiosos. Trata-se de possibilidades humanas não determinadas pela cultura: “Sempre que a mente humana alcança um certo ponto da experiência, ela chega a esse mesmo entendimento, e é isso que constitui a Filosofia Perene” (Dom Bede Griffiths).

De maneira confiante, a Filosofia Perene afirma que há uma Realidade Suprema que tanto é universalmente imanente na criação, quanto a transcende. A realidade que podemos aprender através dos sentidos está embutida, e é sustentada, por essa Realidade que tudo penetra. A qualidade essencial dessa Realidade Superior é a de que não pode ser alcançada pelos sentidos, nem pela mente racional: imagens e pensamentos não a podem expressar claramente, é incompreensível, e inefável. Contudo, há algo na pessoa mais profunda e eterna do ser humano, que vai além do ego, e que tem algo em comum com essa Realidade Suprema e, portanto, pode realmente se relacionar com ela: Trata-se da base de nosso ser individual, que compartilhamos com os outros e, com toda a criação; ali é que todos somos um.

Todos possuímos essa essência, o Eu. A Filosofia Perene sustenta a firme convicção de que todos, não apenas os de veia mística, podem, portanto, alcançar a união com o Supremo Sem-Forma, irrespectivamente ao modo como expressamos isso: nirvana, não-mente, iluminação, união com a Divindade. 

Por meio da prática da meditação, como uma séria disciplina espiritual contemplativa, nos tornamos pessoalmente conscientes desse potencial inato para a unidade que tudo abarca. Gradualmente, então, somos transformados pela Graça, para nos sintonizarmos cada vez mais com esse mais elevado nível de consciência. A energia do aspecto de pessoa que nosso ser tem, entrará em ressonância com a energia semelhante da realidade Divina.

Tudo o que a forma limita, aparência, som e cor

Chamamos de objeto

De todos eles, apenas o homem

É mais do que um objeto.

Ainda que, como os objetos, ele tenha forma e aparência,

A forma não o limita. Ele é mais do que isso

Ele pode alcançar o Sem-Forma

(Chuang Tzu)

*Para esclarecimentos e justificações da ideia da Filosofia Perene, recomendo o livro Filosofia Perene de Aldous Huxley.

por Kim Nataraja

 Até a próxima semana!

Escola da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã
BRASIL