Carta 24 – O verdadeiro significado de Jesus
Cara(o) Amiga(o)
Embora tenhamos ouvido John Main e Laurence Freeman afirmarem a importância do Jesus histórico, ambos enfatizam que, por mais importante que seja esse aspecto, Jesus é muito mais que isso. Vê-lo apenas da perspectiva histórica pode resultar em não vermos sua verdadeira natureza – vemos apenas nossa imagem dele, colorida por nossos próprios filtros culturais, psicológicos e teológicos. Além disso, estamos convencidos de que apenas nossa imagem é a certa.
Tudo isso gera conflito, como podemos ver pelos argumentos atuais e daqueles dos primeiros séculos do cristianismo sobre quem era ele, porque tinha vindo, e qual seu significado. Toda interpretação e relato da vida de Jesus tem uma parcialidade, diz mais de quem está falando ou escrevendo, que propriamente da pessoa de Jesus.
Em geral não pensamos muito sobre quem Jesus verdadeiramente é. Laurence Freeman no livro ‘Jesus o Mestre Interior’ diz: “Para muitos cristãos essa é uma questão para a qual, realmente, nunca prestaram atenção seriamente, ou a tomaram para si.” A única maneira de descobrirmos seu verdadeiro ser e significado é entrando no silêncio por meio da oração silenciosa e profunda. “Não será pelo questionamento intelectual ou histórico que descobriremos a identidade de Jesus. Isso acontecerá com a abertura para níveis mais intuitivos, para caminhos mais profundos e mais sutis de conhecimento do que estamos acostumados. Isto é oração… uma entrada em um espaço interior de silêncio, onde nos contentamos por estarmos sem questionamentos, julgamentos e imagens… É o indefinível silêncio no seio do mistério de Jesus que, em última instância, comunica sua verdadeira identidade para aqueles que o encontram.”
Ele continua dizendo que para aqueles cristãos que seguem o caminho da profunda oração do silêncio, meditação, isso “terá um efeito profundo na sua autocompreensão, assim como na percepção de quem ele é”.
Para Laurence Freeman e para os cristãos primitivos era fundamental o “entendimento de que nada podemos saber, muito menos a Deus, sem conhecermos a nós mesmos”. Este é um aspecto da meditação que tão comumente ignoramos: “Por meditação, não me refiro apenas ao trabalho da oração pura, mas a todo o campo vital do autoconhecimento a que ela conduz”. “Por meditação eu quero dizer não somente o trabalho da oração pura, mas todo campo da sua vida, do seu autoconhecimento, a que isso conduz”.
Da mesma forma que ignoramos quem Jesus realmente é, ignoramos quem realmente somos. Em ambos os casos pensamos que sabemos. Então, por que se preocupar em pensar mais sobre isso?
Para aqueles de vocês que leram a série toda dos Ensinamentos Semanais desde o Ano 1 até agora, sabem que aquilo que pensamos que somos é uma imagem ilusória, nosso ego, nosso eu superficial construído por nossos pensamentos e imagens e, também, pelos dos outros. Lemos as palavras de John Main: “O ego é essencialmente a imagem que temos de nós mesmos, a imagem de nós mesmos que tentamos projetar”. E como o filósofo Wittgenstein, ironicamente apontou: “Nada é tão difícil quanto não nos iludirmos”. Não apenas quem Jesus é, mas quem verdadeiramente somos, só pode ser descoberto no silêncio da profunda oração contemplativa.
Até a Próxima Semana
Escola da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã
BRASIL