Carta 35 – A Importância de Estar Enraizado em uma Tradição

 Cara(o) Amiga(o)

Vivemos em uma era emocionante, quando os ensinamentos das grandes religiões mundiais e tradições da sabedoria estão disponíveis para todos nos livros, através de professores ou da Internet. Isso permite uma abertura de nossa consciência para uma espiritualidade humana mais ampla. Todas as principais religiões têm muitas correspondências; na verdade, há um núcleo comum no coração de suas tradições individuais. Gottfried Leibnitz, o filósofo alemão do século XVII e mais tarde Aldous Huxley no século XX, referiram-se a isso como “Filosofia Perene”. Por causa disso, muitos elementos na literatura ou nas palavras dos mestres de outras tradições ressoarão conosco. Isso pode ter dois efeitos: pode aprofundar e enriquecer a compreensão de nossa própria tradição, mas também carrega o perigo de nos tornarmos borboletas espirituais, tomando néctar de muitas fontes diferentes e ainda não sendo capaz de digerir as muitas ricas ideias para nutrir nosso ser espiritual.

Sua Santidade, o Dalai Lama, enfatizou em uma de suas grandes reuniões em Bodh Gaya, que Laurence Freeman e alguns de nós participaram como parte de todo um programa do diálogo inter-religioso “Caminho da Paz” de nossa Comunidade com Sua Santidade, que era importante voltar às próprias raízes, já que todas as tradições religiosas compartilhavam a mesma verdade central. Para ilustrar isso, ele convidou Laurence Freeman para compartilhar o palco com ele como um exemplo de que essa verdade também estava no cristianismo. Desde então, ele menciona esse mesmo ponto em muitas de suas palestras internacionais.

Embora possamos rejeitar a estrutura das crenças religiosas de nossos pais, ainda estamos enraizados na cultura e ideias que cresceram a partir dela.

Meditação, como Laurence Freeman diz em ‘Jesus, o Mestre Interior’, “é um caminho de silêncio e auto-transcendência, um caminho de relacionamento e solitude, uma maneira de ler sem palavras, saber sem pensar.” A transcendência do ego não depende de uma estrutura de crença, mas de fé. Essa fé/relacionamento de confiança e amor nos permite deixar nossa consciência do ego para trás e nos conectar, em nosso caso, à consciência de Cristo, pois “Meditação, à luz da fé cristã, é um encontro profundo com a mente de Cristo”. A primeira declaração se aplicará a todas as diferentes formas de meditação, mas o elemento relacionamento/fé será diferente para cada um. Nós nos conectamos com nosso verdadeiro eu em Cristo e um budista se conectará com sua natureza de Buda.

John Main, como citado por Laurence Freeman em ‘Primeira Vista’ – uma experiência da fé –, diz que a meditação é um “caminho de fé”, como “temos que deixar a nós mesmos para trás antes que o outro apareça e sem a garantia pré-embalada de que o outro irá aparecer” (Palavra Que Leva ao Silêncio). É nossa fé que Cristo está lá para nos guiar que nos permite correr o risco de entrar no silêncio de nossa consciência mais ampla. Sem uma relação com Cristo ou um ser iluminado como o Buda, podemos muito bem entrar no silêncio, mas podemos ser lançados à deriva em nosso próprio inconsciente com todo o perigo que isso implica.

Kim Nataraja

Até a Próxima Semana

Escola da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã
BRASIL

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