Carta 11 – Transformação da Consciência Humana

Cara(o) Amiga(o)

A essência da jornada de meditação está em seguir o comando de Jesus, e deixar que passem as preocupações do nosso ego: “Se alguém deseja ser um seguidor meu, renuncie a si mesmo… Mas quem perder a sua vida por minha causa, encontrará seu verdadeiro eu.” (Mt 16, 25) Isso não significa que o ‘ego’ seja ruim em si mesmo. Precisamos do ‘ego’ para sobreviver neste mundo.

Como Laurence Freeman diz em ‘Jesus, o Mestre Interior’: “Jesus tinha um ego”. Portanto, não é que o ego em si mesmo seja pecador. É o egoísmo, a fixação no ego que leva ao esquecimento, e à traição, de nosso verdadeiro Eu. O pecado acontece quando confundimos o ego com o verdadeiro Eu… Precisamos equilibrar as necessidades do ‘ego’ com a sabedoria do ‘Eu’. Quando vivemos em contato saudável com o ‘Eu’, nos tornamos uma pessoa totalmente humana e integrada, que compartilha a consciência de Jesus e, por meio Dele, da Consciência Divina.

O caminho para essa integração e equilíbrio é a oração contemplativa profunda, meditação: “Na meditação, procuramos desmontar as barreiras que colocamos ao nosso redor, que nos separam de nossa consciência da presença de Jesus em nossos corações… uma vez que entremos na consciência humana de Jesus, começamos a ver como ele vê, a amar como ele ama, a compreender como ele compreende, e a perdoar como ele perdoa” (The Hunger for Depth and Meaning’). É o poder do mantra que “destranca a porta para permitir que entre a pura luz do amor.”.

Falar sobre diferentes níveis de consciência muitas vezes parece muito esotérico, e até incompreensível. Mas, desde o início do Cristianismo, ouvimos Orígenes, o Padre da Igreja, dizer: “Além dos nossos sentidos corporais, existem nos seres humanos cinco outros sentidos”. Esses ‘sentidos externos’ e esses ‘sentidos internos’ são maneiras diferentes de acessar diferentes realidades. Em nosso mundo atual, colocamos toda a ênfase nos ‘sentidos exteriores’ e o materialismo científico até nega a existência de qualquer coisa que não seja matéria. Essa atitude faz parte da natureza humana. Ouvimos Plotino perguntar no século III dC: “Como é que, tendo coisas tão grandes dentro de nós, não as percebemos … Como é que algumas pessoas nunca as ativam?” Albert Einstein, o cientista mais famoso de nosso tempo, falou sobre ‘a mente intuitiva’, e a ‘mente racional’, e tentou restabelecer o equilíbrio: “A mente intuitiva é uma dádiva sagrada, e a mente racional é um servo fiel. Criamos uma sociedade que honra o servo e esqueceu a dádiva.”

Precisamos aceitar o que William James, o psicólogo americano, nos lembrou no início do século 20 em seu livro ‘Varieties of Religious Experience’: “Nossa consciência normal de vigília é apenas um tipo especial de consciência, ao passo que à sua volta, separadas dela pela mais frágil das peneiras, existem potenciais formas de consciência inteiramente diferentes.” Então, o ensinamento de John Main a respeito de “estarmos abertos à consciência humana de Jesus” por meio da meditação fará todo o sentido.

Kim Nataraja

Até a Próxima Semana
Escola da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã
BRASIL

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