Carta 1 – Realidade Divina
Cara(o) Amiga(o)
Bede Griffiths chamou John Main de “o guia espiritual mais importante da Igreja hoje”. Este elogio não se refere apenas ao seu ensino da meditação, mas também à sua teologia essencial, que apoia esta forma de oração. Sua teologia ressoa com a dos Padres e Madres Cristãs do Deserto do século IV dC e com os primeiros cristãos em geral. Eu iria mais longe a ponto de dizer que ele se encaixaria perfeitamente com os monges daquela época, especialmente Evágrio, o principal mestre de João Cassiano. Nesse terceiro ano dos Ensinamentos Essenciais, eu focarei nos ensinamentos e teologia de John Main e traçarei um paralelo, quando pertinente, entre ele e os primeiros cristãos.
Todos os conceitos sobre Deus, tanto para John Main quanto para os primeiros cristãos, surgiram de sua experiência de oração. Isso é resumido por Evágrio do Ponto, um dos importantes Padres do Deserto do século IV EC: “Teólogo é aquele que ora e aquele que ora é um teólogo”. Como então eles têm a experiência de Deus? Uma das primeiras figuras importantes nos primeiros dias do Cristianismo é Clemente de Alexandria (150-215), que a expressou da seguinte forma: Deus está “além de toda fala, além de todo conceito, além de todo pensamento”, e se ele se sentisse obrigado a colocar um nome para esta experiência, a melhor descrição que ele poderia dar seria: “A noção do puro ser é o mais perto que podemos chegar de Deus”. John Main concordou plenamente com estas expressões: “Sabemos que não podemos analisar Deus. Sabemos que não podemos, com mentes finitas, compreender a infinitude de Deus”. Ele também viu Deus como “ser presente”, como “a base do nosso ser”, “a energia que é amor… Deus é, Deus é amor, Deus é agora”.
Como eles viram a relação entre Deus e a humanidade? Isso é expresso claramente por Orígenes (186 -255), o sucessor de Clemente como Diretor da Escola Catequética de Alexandria, como segue: “Todo ser espiritual é, por natureza, um templo de Deus, criado para receber em si a glória de Deus.” Ele foi além e enfatizou: “Homens e mulheres são criados à ‘imagem de Deus’ e nossa vocação humana é manifestar ‘semelhança com Deus’ por meio de nosso modo de vida”. John Main assim se manifestou: “Jesus enviou seu Espírito para nos habitar, fazendo de todos nós templos de santidade: o próprio Deus habitando em nós”. Ele ainda enfatiza que ‘Deus é a raiz da qual nascemos… Somos criados à sua imagem, compartilhamos seu valor e dignidade como filhos de Deus… Sabemos que somos, e que somos em Deus, e que nEle descobrimos nossa identidade essencial e significado único… sabemos que compartilhamos da natureza de Deus.”
Para John Main e os primeiros cristãos, a oração significava reentrar na vida de Deus: “Nossa meditação diária é nada menos do que um retorno a esta fonte de vida onde nosso espírito se torna totalmente imerso no Espírito de Deus, totalmente vivo com sua vida, amando plenamente com Seu amor.”
por Kim Nataraja
Até a Próxima Semana
Escola da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã
BRASIL