carta 13 – Meditação como um caminho para o autoconhecimento
Laurence Freeman continua em Jesus o Mestre Interior a enfatizar a impossibilidade de conhecer Jesus com nossa mente; ao invés disso, nós precisamos entrar no âmago de nosso ser e conhece-Lo com o nosso coração: “Descobrir a identidade de Jesus para nós não é alcançar através de pesquisa intelectual ou histórica. Ela acontece na abertura para nossa profundidade intuitiva, para aprofundamento e outros caminhos subjetivos de conhecimento e visão aos que estamos acostumados. Isso é oração… uma abertura para o espaço interior do silêncio, onde estamos contentes em estar sem respostas, julgamentos e imagens… É o silêncio indefinível no coração do mistério de Jesus que finalmente comunica sua verdadeira identidade para aqueles que a encontram.” (p.30/32)
A Oração é o portal para o verdadeiro conhecimento de Jesus – e portanto da nossa verdadeira natureza – e através Dele, de Deus. Para essa jornada, essa “jornada do despertar” para alcançar seu fim último, a meditação direcionada para a oração contemplativa é indispensável. Nos ajuda a descer para o centro de nosso ser, onde descobrimos, “no relacionamento e na comunicação do Espírito, quem Jesus realmente é.” (p. 213)
Mas a meditação faz mais do que isso: “por meditação eu significo não somente o trabalho da oração pura mas, todo o campo da vida do auto conhecimento que ela dirige”. (p. 242) No silêncio da “oração pura” nos são dados insights pela graça que nos ajudam a descobrir as feridas que nos bloqueiam a consciência de nosso verdadeiro ser, e nos ajudam a tomar consciência de nossa “sombra”. Mas, ao mesmo tempo, a oração contemplativa aumenta o conhecimento profundo e intuitivo de que o espírito amoroso de Cristo está trabalhando em nós, encorajando-nos a nos aceitar como somos, assim como Ele o faz. E assim Ele cura nossas feridas e nos traz a plenitude.
Laurence Freeman destaca mais uma vez que “é essencial para a fé cristã que ouçamos Jesus com tanta atenção que nos percamos… assim ele se torna… uma ‘porta’ que leva ao autoconhecimento”. (pág. 42)
É importante nos lembrarmos de que tipo de oração estamos falando. Estamos falando da oração contemplativa de profundo silêncio e não da oração de quando estamos “meramente realizando ou recitando um ritual definido.” (p.34)
Ninguém melhor do que T.S. Elliot, o expressou no Quatro Quartetos:
Você está aqui para se ajoelhar
Onde a oração foi válida.
E a oração é mais
Do que uma ordem de palavras, a ocupação consciente
Da mente que ora, ou o som da voz orando.
Laurence Freeman continua dizendo: “Jesus é uma força indispensável na realização de qualquer espiritualidade autêntica. Embora a maioria das pessoas tenha problemas com a igreja – assim como a maioria dos frequentadores da igreja – a pessoa de Jesus é um farol que guia a humanidade, como também escancara o egoísmo, a violência e o desespero, caminhando em direção a objetivos mais elevados que ela continuamente estabelece de bondade e serenidade.” (p. 15)
Em nosso tempo muitos tendem a jogar fora o bebê com a água do banho, mas “Ignorar Jesus por causa das imperfeições das igrejas é uma tolice de dimensão trágica… A Cristandade por outro lado deve ser transformada.” (p.241)
Kim Nataraja