Carta 17 – A importância da Comunidade (continuação)
Cara(o) Amiga(o)
Acho fascinante como, nos últimos anos, cada vez mais a ciência valida em experimentos rigorosos, o que aqueles que estão no caminho espiritual sabem por experiência pessoal. No Ensinamento da semana passada falei sobre a importância da comunidade e como um grupo de meditação nos dá apoio em nossa jornada. A prova de que isso é verdade em mais de uma maneira se deu por meio do seguinte experimento: um grupo de freiras Franciscanas foi conectado a uma máquina de ondas cerebrais durante uma sessão de oração. Ao passo que no início cada uma delas tinha seu próprio padrão de ondas cerebrais, depois de orar juntos por cerca de 10 minutos, todos os padrões de ondas cerebrais eram idênticos.
A mesma ressonância, inevitavelmente, também desempenha seu papel em nossos grupos. Os meditantes costumam me dizer que, especialmente no início, acham mais fácil meditar em um grupo semanal do que sozinhos em casa. O experimento acima nos dá a evidência objetiva de que estamos apoiando, e reforçando, uns aos outros. Além disso, durante o período de meditação estamos, portanto, todos sintonizados na mesma frequência e, em termos Cristãos, na frequência do Espírito. Já sabemos que o Espírito, que está lá em nosso centro mais profundo, unifica nosso próprio ser e nos une a todos, como John Main diz em ‘The Present Christ’: “até mesmo nosso próprio centro, nossa consciência objetivante, está sendo unificada. Tudo isso, o processo de ‘unificação’, é obra do Espírito”.
Visto que em nossa vida comum vivemos a partir do ego, vemos apenas a separação, e não a unidade e interconexão subjacentes. Esquecemos quão integralmente estamos ligados. A meditação cumpre um papel essencial em mudar nossa consciência, nossa percepção, nessa direção. Meditando, orando juntos “experimentamos que a condição básica da humanidade, homem e mulher, não é de separação, mas de comunhão, ser com Deus, e como Deus, é de Amor: Em comunhão direta ‘estar com’ é ‘estar apaixonado’, (o autor usa a expressão em inglês: ‘to be in love’, literalmente: ‘estar no amor’”(The Present Christ). Quão diferente seria nosso mundo se nós todos estivéssemos cientes de nossa unidade essencial?
Em algum nível, sabemos o quanto os outros nos influenciam, os pais estão sempre preocupados com a influência dos amigos de seus filhos, em seu pensamento e comportamento; falamos sobre a importância de amigos com ideias semelhantes. Em um artigo de Eric Kandel ‘Small Systems of Neurons’ (‘Pequenos Sistemas de Neurônios’), na Scientific American, ele assim apresenta suas descobertas: “Mesmo durante experiências sociais simples, como quando duas pessoas falam uma com a outra, a ação neuronal no cérebro de uma pessoa é capaz de ter um efeito direto e duradouro nas conexões sinápticas modificáveis no cérebro de outra pessoa ”.
O que descobrimos no silêncio, no centro do nosso ser, com base na nossa experiência ali, é um confiante e amoroso sentido de relacionamento, de comunhão, de fato, o verdadeiro significado da fé. Laurence Freeman diz em seu livro ‘Primeira Vista’ – A Experiência da Fé: “Comunidade, assim como o casamento, é um resultado da fé”.
Kim Nataraja
Até a Próxima Semana
Escola da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã
BRASIL