Carta 40 – A tradição e a prática da Meditação Cristã (2)

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Laurence Freeman continua: “As grandes mentes teológicas e professores espirituais da era moderna – Rahner, Balthasar, Lonergan, Merton, Main, Griffiths – adotaram uma abordagem mística inquestionável com relação à crise do Cristianismo no mundo secular. Sucessivamente, os Papas – durante e desde o Concílio – posicionaram a recuperação da dimensão contemplativa da fé no coração da agenda pastoral.

A contemplação veio a ser considerada como uma vocação especializada na igreja. Era vista como um chamado especial de Deus para uma pequena elite e era geralmente vivenciada no claustro de um convento — ainda que luminares como Francisco de Assis, Catarina de Siena ou as Beguinas do Norte da Europa declinaram do monasticismo convencional e viviam a sua visão mística na proximidade das pessoas e com contato diário com o mundo.

Hoje estamos em um ponto culminante da recuperação desta tradição contemplativa da fé Cristã e que está restabelecendo esta tradição para o seu lugar correto na vocação Cristã – o chamado universal para a santidade como o Concílio o denominou que toca igualmente os estados monásticos, leigos e seculares. No ensinamento da meditação Cristã para crianças nós vemos um desenvolvimento bonito e lógico deste processo, bem como um sinal de esperança radical para a igreja do futuro.

Eu gostaria de apresentar uma visão geral desta tradição e descrever em particular uma prática simples de oração contemplativa, enraizada na tradição, que a incorpora de uma maneira que prova quão universal ela é.

Não é irrelevante que a meditação seja tão antiga quanto a humanidade. As primeiras referências a esta prática vêm da Índia cerca de 2,500 aC. É central para o ensinamento do Buda. O Judaísmo tinha sua tradição de oração mística. Também caracteriza a revolução espiritual da Era Axial – a era de Confúcio, Lao Tsu, Buda e dos profetas Hebreus. Jesus emerge como a culminação deste desenvolvimento na evolução da consciência humana. Mas, vamos começar onde a tradição Cristã começa com o ensinamento de Jesus. O que ele diz sobre oração, mostra qual tipo de professor ele foi.

Jesus foi claramente um mestre da contemplação. Ele era uma pessoa profundamente religiosa, que, contudo, alertou para a diferença entre as regras feitas pelos homens e a lei de Deus. Ele resumiu esta moralidade no mandamento do amor e ele falou de oração em termos de interioridade e presença. Ele colocou este ensinamento contemplativo em adição a amar ao seu inimigo: moral e espiritual, o místico e o político, portanto, estão unidos neste ensinamento.

Toda cultura desenvolvida produziu alguma forma de vida monástica. A emergência do movimento monástico Cristão aconteceu cedo e tornou-se proeminente no Oriente próximo – no Egito e na Síria a partir do século IV. Os ensinamentos dos Padres do Deserto, a sabedoria espiritual destilada por eles, ainda fornecem uma base radical para uma espiritualidade aplicada de grande apelo contemporâneo, especialmente para os jovens. Eles evitaram o exagero intelectual e o foco excessivo nos aspectos formais da religião organizada e colocaram como referência para nós uma igreja que oferece a devida importância para leigos e contemplação. A influência do deserto Cristão foi canalizada para a igreja ocidental através das Conferências de João Cassiano no século V. Elas formam uma das fundações da espiritualidade Cristã e Tomás de Aquino as mantinha em sua mesa enquanto escrevia a Suma Teológica. São Bento pedia que fossem lidas diariamente no monastério durante as refeições.

(Continua na próxima Carta)

Até a Próxima Semana

Escola da Comunidade Mundial para a Meditação Cristã
BRASIL

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