Sexta-feira da quinta semana da Quaresma
Existe um mapa simples para a jornada que todo praticamente de meditação deve percorrer. Ele ajuda aqueles que estão com receio de começar a dar o primeiro passo e motiva aqueles que abandonaram a prática a reconectar com o caminho. O primeiro estágio é descobrir a sua própria mente e perceber o nível vergonhoso de distrações que impede que você tenha quietude e o simples prazer da realidade que é fruto da atenção. Desistir neste primeiro obstáculo é comum, mas não significa que você não possa começar de novo – não importa quantas vezes você falhe. Você descobrirá o valor do encorajamento altruísta de meditar com outras pessoas – uma amizade espiritual.
O segundo estágio é encontrar o disco rígido da memória. Tudo, realidade ou imaginação, em nossa história é armazenado em nossa memória e parte dela pode ser reprimida. Como tristeza, raiva, medo ou vergonha o que causa sofrimento e nos controla a partir do inconsciente. O mantra traz cura para este nível de consciência sem necessitar de auto-análise – pelo menos durante a meditação. De fato, é o complemento da terapia psicológica comum porque ele envolve tirar a atenção de nós mesmos. Isso não é fuga mas sim desapego. Cura é o prelúdio para a iluminação: Porque não há nada oculto que não venha a ser revelado e nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido à luz. (Lc 8:17).
Então chegamos ao nível do ego, a “fonte do Pensamento-Eu” como Ramana Maharshi chamou. Aqui encontramos um sentimento de estar bloqueados pelo nosso senso nato de separação mesmo quando almejamos a paz da união e da não dualidade. Esta parede de tijolos levou um longo tempo para ser construída e toma tempo para que os tijolos comecem a cair. Quando isso acontece, vemos através da parede e, no tempo apropriado de Deus, encontramos a nós mesmos do outro lado, no Espírito. Aqui a autoconsciência é reduzida pela transparência na experiência do reconhecimento – ver e conhecer a nós mesmos mesmo quando sabemos que somos vistos e amados.
Em cada um destes níveis, até que entremos na linguagem completa do silêncio na dimensão espiritual, o mantra, com uma sutileza profunda, é o nosso guia fiel.
O ponto importante a ser lembrado é que conforme um nível é atingido e seus mistérios então revelados, os níveis anteriores não são fechados. A distração permanece, ainda que reduzida e, às vezes, mais facilmente superada. A cura continua mesmo depois que feridas profundas tenham sido avaliadas. E o ego continua na vida diária, porém mais como um ajudante do que como um tirano.
Isso se aplica a outros mapas da consciência humana. Por exemplo, poderíamos dizer que começamos a jornada em um estado pré-temporal de unidade com o todo. Esta mente “cíclica” se abrirá ao mágico com sua tentativa de manipular o que é agora um mundo estranho e ameaçador fora de nós. Conforme a mente se desenvolve, nós fazemos histórias – mitos – para explicar e gerenciar as coisas. Então descobrimos que podemos dar um passo atrás e observar com objetividade racional. Se continuarmos, nós atravessamos para a consciência unificada da não-dualidade.
Maravilhosamente, no entanto, todos os níveis podem ficar abertos e ser integrados ao próximo nível. A vida sem um senso de mágica seria um algoritmo raso assim como chamamos de “inteligência artificial” algo que deveríamos pensar meramente como “computadores muito rápidos”. A vida sem a imaginação mítica seria desprovida da linguagem essencial que abre a porta para as grandes escrituras e para o significado de transcender. A racionalidade sem a contribuição destes outros níveis seria como tirar ótimas notas na escola mas não ter nenhum amigo.
Texto original
Friday Fifth Week of Lent
There’s a simple map for the journey which every meditator is on. It helps those who are frightened to start to take the first step and encourages those who drop out to reconnect to the path. The first stage is discovering your own monkey mind and the embarrassing level of distraction that prevents you from stillness and the simple enjoyment of reality that is the fruit of attention. Giving up at the first hurdle is common but it doesn’t mean you cannot start again – as many times as you fail. You will discover the value of the selfless encouragement of meditating with others – of spiritual friendship.
The second stage is encountering the hard disc of memory. Everything, real or imagined, in our history is stored there and some of it may be repressed. Like grief, anger, fear or shame which cause suffering and control us from the unconscious. The mantra brings healing to this level of consciousness without – at the time of meditation anyway – requiring self-analysis. In fact, it is the complement of usual psychological therapy because it involves taking the attention off ourselves. This is not avoidance but detachment. Healing is the prelude to enlightenment: nothing is hidden that will not be made manifest, nor is anything secret that will not be known and come to light (Lk 8:17)
Then we touch the ego level itself, the ‘source of the I-thought’ as Ramana called it. Here we encounter a feeling of being blocked by our innate sense of separateness even as we long for the peace of union and non-duality. This brick wall has taken a long time to build and it takes time for the bricks to start falling out. As they do, we see through the wall and in God’s own time we find ourselves on the other side of it, in the Spirit. Here self-consciousness is reduced by transparency in the experience of recognition – seeing and knowing ourselves even as we know that we are seen and loved
At each of these levels, until we enter the full language of silence in the spiritual dimension, the mantra, with deepening subtlety is our faithful guide.
The important thing to remember is that as one level is reached and opens its mysteries the previous levels are not shut down. Distraction remains, though greatly reduced and at times more easily overcome. Healing continues even after the major wounds have been triaged. And the ego continues in daily life but more as a servant than as a tyrant.
This applies to other maps of human consciousness. For example, we could say we begin the journey in a pre-temporal state of oneness with all. This ‘uroboric’ mind will open to the magical with its attempt to manipulate what is now a strange, threatening world outside us. As the mind develops, we make stories – myths – to explain and manage things. Then we discover we can step back from them with rational objectivity. If we keep going, we break through into the conscious oneness of non-duality.
Wonderfully, though, all levels can stay open and be integrated with the next. Life without a sense of magic would be as algorithmically shallow as what we call ‘artificial intelligence’ but should think of as merely ‘very fast computers’. Life without the mythical imagination would lack the essential language which gives entry to the great scriptures and transcendent meaning. Rationality without these other levels contributing would be like getting the best grades at school but having no friends.
