carta 25 – Meditação como transformação

Nós ouvimos que John Main e Laurence Freeman enfatizam o poder transformador da meditação. De fato, quando nós repetimos, fielmente, a nossa palavra-oração ou mantra, logo chegamos a um estágio quando deixamos a superfície da oração mental e nos aprofundamos para uma forma mais profunda de oração, uma profunda oração focada no coração; não rezamos mais com a mente, mas rezamos com o coração: não estamos mais conversando com Deus, mas estamos na Sua presença numa maneira de autoesquecimento. Algumas pessoas, intuitivamente, sentem que é assim e, precisamente, por essa razão, são atraídas para a meditação; elas são levadas por um desejo de se aproximarem de Deus.

Mesmo em nossa forma tradicional de oração, nós podemos, espontaneamente, alcançar um nível profundo. Isto é, a oração pura como os Primeiros Cristãos a chamavam – a essência da oração.

T. S. Elliot destaca a diferença, lindamente:
Você não está aqui para verificar, instruir-se, informar, ou carregar um relatório.
Você está aqui para se ajoelhar onde a oração tem sido válida.

E a oração é mais do que uma sequência de palavras, ou a ocupação consciente da mente orante, ou o som da voz que está rezando. A oração “pura” é muito potente. Nós nos esquecemos em nossa era científica o quão poderosa a oração pode ser. Não há maneira de você meditar seriamente, de orar com todo o seu coração, e de não ser, de forma gradual, impactado e apresentar mudanças.

A essência dessa forma de oração é a atenção e, o seu treinamento é seguido de conscientização. E a conscientização é a chave que leva à mudança. O grau de mudança de curso depende do nível de compromisso a esta importante disciplina, mas muda a sua determinação e vontade! Mas, não estamos tão certos de que gostamos da ideia. Por que eu tenho que mudar?

Certamente, eu estou muito bem como estou. O “ego”, o aspecto superficial de nosso ser, nosso centro consciente, é o nosso especialista em sobrevivência e, portanto, não gosta de mudanças, as quais envolveriam mudanças em seu plano de sobrevivência; afinal ele passou toda nossa infância se construindo para nos manter confiantes e seguros. O “ego” vê a ida caminhada para o silêncio, oração profunda como uma ameaça à sua existência, porque nós saímos de sua esfera de influência – nós estamos, afinal, deixando palavras e imagens para trás, que foram moldados pelo nosso ego. Seu mecanismo de defesa está revelando a nós o medo da mudança, o medo do desconhecido.

Ele vai mesmo nos fazer pensar que a mudança não é possível, ao nos convencer que nossa atitude presente ou opinião é a certa. Contudo, nessa vida incerta, a única coisa de que dependemos é de que as coisas mudem apenas na superfície: “nós não pisamos no mesmo rio duas vezes”, disse Heráclito, o filósofo grego. Ele disse isso no Século V, antes de Cristo. Nós sabemos por experiência própria que nossos corpos mudam ao longo do tempo, gostemos disto ou não.

Um artigo interessante na revista “Scientific American” descreveu o quanto a nossa mente é aberta à mudança. Eles fizeram um experimento que mostrou como a mente de cada pessoa engajada em uma conversa é transformada. Outro experimento provou que quando uma pessoa se senta para meditar em um grupo, embora os padrões de ondas mentais dos participantes sejam bem diferentes no início, depois de dez minutos, mais ou menos, os padrões se assemelham uns aos outros, as ondas mentais calmas são dominantes. Uma prova científica de como nos apoiamos mutuamente em um grupo de meditação.

Se nós mudamos pela interação com outras pessoas, quanto mais seremos mudados no silêncio da meditação, quando entramos na esfera de influência de nosso “verdadeiro eu em Cristo”. É esta comunhão no amor, no profundo de nosso ser que afeta e muda nossa personalidade na superfície de uma forma profunda. Tudo o que precisamos é prestar atenção à nossa palavra sagrada, sem medo, mas abertos à mudança, abertos ao amor, permitindo que o Espírito do Cristo Ressuscitado faça Seu trabalho de transformação.

Kim Nataraja

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